Quem pensa que pastilha de freio é um componente simples e sem
importância está redondamente enganado. Uma pastilha de freio é composta
de uma plaqueta metálica que prensa o material de atrito e um composto
específico que tem mais de 25 ingredientes diferentes, como grafite,
cobre, latão, palha de aço, óxido de alumínio, etc. O que não pode mais
ser misturado na fórmula da pastilha é o amianto, e também alguns metais
pesados, como o chumbo e o cádmio elemento perigoso para a saúde.
Esses são apenas alguns dos ingredientes que compõem uma pastilha,
mas que somados têm uma função primordial para a segurança no trânsito:
parar o carro de forma controlada e segura. Por isso, na hora da troca
todo cuidado é pouco, ao começar pela escolha do produto, sempre
original e de fabricantes renomados, nunca utilize produtos de origem
desconhecida, falsificados ou recondicionados, lembre-se: a segurança do
seu cliente está em suas mãos.
Vale lembrar que em
breve todas as pastilhas terão que ter a certificação do Inmetro.
Utilizar pastilha de baixa qualidade traz desvantagens como precisar
de mais tempo ou distância de parada maior na hora da frenagem, isso
porque o torque de frenagem de certos produtos é muito baixo. Além
disso, pode gerar retrabalho para o mecânico, pois o cliente pode voltar
e dizer que a pastilha não está freando corretamente.
"A durabilidade também é reduzida e estraga o disco ou causa seu
desgaste mais rápido também, então o custo benefício não compensa. E não
podemos deixar de ressaltar que a pastilha é um componente de segurança
e que pode colocar uma família em risco. Além do atrito, tem a parte de
resistência mecânica da peça, uma resistência baixa pode soltar a
plaqueta do material de atrito. Um bom produto requer testes e controles
internos para evitar esse descolamento", diz.
Manutenção
Manutenção depende da aplicação, do motorista e das condições nas
quais o veículo trafega. "Para veículos que pegam muita estrada, o ideal
é trocar o par de pastilhas em média a cada 20 mil km, já os que rodam
na cidade sofrem mais desgaste e precisam trocar a cada 10 mil km
rodados", explica Josué, que nos ajudou com essa matéria que mostra o
procedimento de substituição num Fiat Palio 2009.
Ele esclarece ainda que alguns modelos têm um sensor mecânico de
desgaste que, em contato com o disco, gera um ruído quando a pastilha
está com a espessura menor do que o especificado. Outro sensor é o
eletrônico, que indica no painel do carro o desgaste da peça. "Veículos
sem o sensor devem passar por uma checagem preventiva a cada 5 mil km ou
quando recomendado pela montadora. Quando faz o rodízio de pneus, por
exemplo, é indicado olhar a pastilha e o disco também", comenta.
O sistema de freios do Palio é composto pelas pastilhas e discos na
dianteira, fluido, flexíveis de freios, tambores e lonas na traseira,
cilindro mestre, servo-freio, pedal e etc. "Na maioria dos casos, a cada
duas trocas de pastilhas, troca-se ou retifica-se o disco. Se a
manutenção na pastilha não for feita adequadamente, o disco vai acabar
comprometido, pois vai ficar em contato direto com a plaqueta e não com o
material de atrito, ou seja, ferro com ferro, o que danifica o disco
prematuramente", acrescenta.
Molas de retorno
Existe uma mola que prende a pastilha no pistão e tem como principal
objetivo retornar a pastilha junto com o pistão, depois que o freio for
acionado. Se o pistão voltar sem a mola, a pastilha fica em contato com o
disco, provocando desgaste precoce, ruído e aquecimento. Mas existe uma
pegadinha que muitos mecânicos não conhecem a respeito desse pequeno
item que faz parte da pastilha.
Depois de 2009, os veículos começaram a sair da fábrica com uma mola
diferenciada por conta de uma evolução na construção do pistão do freio,
que mudou de ferro fundido para aço. Por isso foi incorporado na
pastilha o novo sistema de molas de retorno do pistão, que garante maior
durabilidade e mais resistência a deformações e a corrosão. Essa mola
está presente apenas do lado do pistão, a outra pastilha do par não tem
molas. "Seu papel é garantir o correto posicionamento e o melhor ajuste
dos componentes do sistema, reduzindo as vibrações, batimentos e
ruídos", explica Josué.
"Por isso é importante orientar o mecânico em relação à montagem
dessa pastilha com a mola diferente. Se for aplicada a pastilha antiga, o
carro vai ter problemas de ruídos e a pastilha não vai retornar junto
com o pistão. Aí o cliente vai reclamar de garantia, mas não é problema
do produto e sim de uma aplicação incorreta, pois a pastilha pode ser
montada normalmente, só não vai funcionar perfeitamente", avalia.
É de suma importância ressaltar que quando for desmontar o carro com
esse tipo de pastilha, tem que trocar por novas com o mesmo sistema.
"Tem que prestar atenção no produto que tirou do carro, pois às vezes
acontece de no mesmo ano de fabricação ter os dois tipos de molas".
Hora da troca
Apesar de ser um procedimento relativamente simples, o mecânico deve
estar bem preparado para fazer a substituição das pastilhas, além de
usar sempre um par de luvas e utilizar as ferramentas adequadas, como
chaves de fenda, chaves allen e o aparato especial para recuar o pistão.
1) Coloque o carro num elevador e remova a roda.
2) Retire agora a mola de fixação do cáliber.
3) Com a chave allen, remova os dois pinos de fixação do cáliber.
4) Para recuar o pistão, abra o sangrador e faça a drenagem do
fluído sujo que está no freio. Se recuar o pistão e estiver fechado o
sangrador, o fluido sujo contamina o óleo que está no cilindro mestre.
5) Tire a pinça de freio, que sai com o conjunto de pastilhas junto.
6) Remova a pastilha do lado do pistão e retorne a pinça para o disco.
7) Com a ferramenta específica de retorno do pistão, encaixada entre o pistão e o disco, faça o sangramento do fluido dessa roda.
8) Desencaixe a pinça e tire a outra pastilha com a ajuda de uma chave de fenda.
Obs: O máximo de desgaste da pastilha é de atingir 2 mm da plaqueta.
9) No pistão, cheque se a coifa está rasgada, se estiver, substitua-a.
Obs: Verifique ainda se o disco não está desgastado. Com a mão,
sinta se apresenta rebarbas e, com o micrometro, meça a espessura para
ver se está dentro da especificação do fabricante, que neste caso é
18mm. Todo disco pode desgastar apenas 2 mm, esse tem 20mm quando novo,
ou seja, pode desgastar até 18mm.
Obs: Aproveite e verifique os flexíveis se estão em ordem e se não
há vazamento. Aproveite e olhe a bucha de suspensão e o amortecedor.
10) Na hora de montar, veja se é a peça certa, e comece encaixando as molas dentro do pistão.
11) Monte a outra pastilha diretamente no encaixe junto ao disco.
12) Encaixe a pinça e, em seguida, aperte os pinos de fixação com torque de 25 - 30 Nm. Em seguida coloque a mola de fixação.
Faça o mesmo procedimento dos dois lados e faça a sangria das duas
rodas. Dê uma volta com o carro para checar se tem ruído. Oriente o
motorista para frenar devagar sem muita pressão nas primeiras vezes.
Fonte: Revista O Mecânico
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